sexta-feira, 12 de setembro de 2014

TRÊS POEMAS DE FRAGMENTOS DE UM EXÍLIO VOLUNTÁRIO (BREVE)


LACÔNICO LACAN

Se antes era o verbo, e depois do fim?
O silêncio. Silêncio que pontua o verso
traduz e trai, nos tangencia da loucura

e esta - ele falou - é o limite da liberdade.



ARQUEOLOGIA     

 O que busco?
Fragmentos e cacos
de uma arqueologia improvável.



FACES DO ABISMO

Um deus unicelular nasceu, apesar de binário, ele é múltiplo
pois dono de infinitas (inter)faces desconhecidas. Narcisos cegos,
em vão tentamos reconhecer-nos nesse espelho, mas tudo é longe
e sem miragem, emergimos do mar virtual, répteis sem esperança.

 Um Dionísio aidético deitou-se sobre Apolo em surto, são deuses doentes,
agora é tarde, nossos mortos comuns já não cabem na praça. É tarde,
eis a nossa possível Última Ceia: sem ressurreição ou milagre, oferecemos
as vísceras de nossa intimidade para esse banquete público e sem pudor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário